quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Samarco busca autorizações para dar continuidade aos negócios

O novo sistema de disposição de rejeitos utilizando a cava de Alegria Sul, proposto em processo de licenciamento junto à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad), é um dos passos do planejamento operacional da Samarco. Localizada em Ouro Preto (MG), no Complexo Industrial Germano-Alegria, a estrutura proporciona segurança por utilizar um espaço confinado, dispensando a construção de barragem como a de Fundão, que se rompeu no dia 5 de novembro de 2015.

A cava de Alegria Sul é uma alternativa temporária e permitirá a disposição de rejeitos em um futuro retorno das operações com 60% da capacidade produtiva. Com esse ritmo de produção, a empresa consegue gerar fluxo de caixa necessário para manter empregos e contribuir para o desenvolvimento das economias dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, assim como do País.

A disposição de rejeitos na cava tem a anuência do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), autarquia federal vinculada ao Ministério de Minas e Energia. De acordo com nota técnica emitida pelo órgão em 21 de novembro deste ano, “a solução proposta é extremamente segura, uma vez que se trata de disposição em cava proporcionando confinamento do rejeito”.

Além de utilizar uma cavidade já existente no solo, a estrutura contará ainda com um dique de 10 metros de altura feito em solo compactado, resultando em uma capacidade total de armazenamento de 17 milhões de metros cúbicos de rejeito. Isso garantirá um horizonte de cerca de dois anos para as operações da Samarco.

Durante esse período, a empresa intensificará os estudos em busca de alternativas para médio e longo prazos. As opções em análise contemplam estruturas disponíveis e já ambientalmente impactadas na região do Complexo de Germano e novas tecnologias de tratamento do rejeito.

Busca da confiança

Desde o rompimento da barragem de Fundão, a Samarco adotou medidas emergenciais e iniciou o planejamento de longo prazo para alcançar a recuperação e compensação socioambiental. Também foi firmado um Termo de Transação de Ajustamento de Conduta (TTAC) entre Samarco, Vale e BHP Billiton com os governos Federal, de Minas Gerais e Espírito Santo em março de 2016, no qual são estabelecidos programas socioeconômicos e ambientais de reparação e recuperação. Esses programas passaram a ser conduzidos pela Fundação Renova, que foi criada com a assinatura do TTAC.

“Esse período foi de intenso aprendizado para a Samarco, que reconhece ter provocado grandes impactos sociais, ambientais e econômicos. Após um ano com as operações paralisadas, precisamos voltar a operar para continuarmos honrando os compromissos assumidos. Além disso, poderemos contribuir para a geração de empregos e a reativação das economias estaduais e do Brasil. A aceitação social, representada pelo consentimento da sociedade ao retorno das operações da empresa, é tão importante quanto obter as licenças técnicas”, afirma o diretor-presidente da Samarco, Roberto Carvalho. 

Primeira fase

O licenciamento da cava de Alegria Sul para dispor rejeitos é uma das etapas do planejamento operacional da Samarco. No entanto, não é suficiente para a empresa voltar a operar. Ainda será necessário obter a Licença Operacional Corretiva (LOC), que irá integrar em uma única licença ambiental todas as estruturas existentes no Complexo de Germano. A LOC foi solicitada pela Semad para assegurar a viabilidade ambiental do empreendimento.

Caso a Samarco obtenha a aprovação das licenças, o planejamento operacional da empresa prevê uma primeira fase de operação com 60% da capacidade, produzindo 18 milhões de toneladas de pelotas por ano. No Plano Integrado de Aproveitamento Econômico, protocolado no DNPM, a empresa previu uma produção de aproximadamente 36,7 milhões de toneladas de minério nos dois primeiros anos.

Atualmente, a empresa possui reservas de 2,86 bilhões de toneladas de minério no Complexo de Germano, em Mariana e Ouro Preto. Esse volume e a infraestrutura de transporte de três minerodutos mais as quatro usinas pelotizadoras no Espírito Santo garantem condições de a Samarco continuar operando com competitividade no mercado internacional, caso consiga a aprovação dos órgãos ambientais.

empresa está com suas atividades paralisadas há mais de 12 meses, desde o rompimento da barragem. Com o atraso na retomada das atividades da Samarco, o que implica uma perda de R$ 4,4 bilhões de faturamento direto e indireto na cadeia de produção da companhia em 2017 – valor correspondente a 1% do PIB do Estado mineiro –, o governo deixa de arrecadar R$ 989 milhões em impostos federais, estaduais e municipais.

Esse total, projetado para 2017, representa quase o dobro de todo o gasto público dos municípios de Mariana/MG, Ouro Preto/MG, Anchieta/ES e Guarapari/ES em saúde, educação, saneamento e transporte. Os números constam de levantamento da Tendências Consultoria Integrada, divulgado nesta semana.

A Samarco também teve que reduzir o quadro de pessoal. Foram dispensados 924 empregados por meio de um Plano de Demissão Voluntária e 153 em um Plano de Demissão Involuntária.

O estudo produzido pela Tendências Consultoria Integrada concluiu que a continuada paralisação da Samarco colocará em risco quase 20 mil vagas diretas e indiretas de emprego. Minas Gerais será o Estado mais afetado, com impacto potencial de 14.531 vagas, enquanto o Espírito Santo poderá deixar de contar com 4.111 vagas.

Sem estes postos de trabalho, o estudo apontou que a perda da massa de renda em um ano pode chegar a R$ 1,2 bilhão, valor que representa 4,6% do orçamento do Bolsa Família em 2016. O estudo também mostra que, no longo prazo, a perda da massa de renda acumulada chega a R$ 13 bilhões em 10 anos.
Samarco em números

Em 2015, ano do rompimento da barragem de Fundão, a Samarco produziu 24,9 milhões de toneladas, sendo 97% em pelotas e 3% em finos de minério de ferro. Naquele ano, a companhia foi a 12ª maior exportadora do Brasil e gerou 3.027 empregos diretos, dos quais 1.736 em Minas Gerais e 1.291 no Espírito Santo.

A operação da Samarco poderá garantir a manutenção dos empregos na empresa, a criação de postos de trabalho na cadeia de fornecedores e um novo impulso às economias mineira e capixaba, com reflexos na balança comercial brasileira.

 A receita da empresa, quando estava em operação, correspondia a 5,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo e a 1,5% do PIB de Minas Gerais. Esses números se traduziram em compras de R$ 5,5 bilhões em 2014 e 2015, o que contribuiu para atenuar os efeitos da crise econômica.

Na época do rompimento de Fundão, a Samarco tinha uma cadeia de fornecedores que envolvia 7 mil empresas, dos quais 41% na área da unidade de Ubu, em Anchieta, no Espírito Santo, e em Mariana, Minas Gerais.

Sobre a Samarco

A Samarco tem 39 anos de história, tendo começado a operar em 1977. A empresa possui duas unidades operacionais: Germano, em Mariana (MG), onde é realizada a extração e o beneficiamento de minério de ferro em três concentradores, e Ubu, em Anchieta (ES), onde estão quatro usinas de pelotização. As unidades são interligadas por três minerodutos de 400 quilômetros de extensão.

Informações da Assessoria de Imprensa

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